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– Dessa noite não passa!

A formiga desvairada corre contra o tempo.
Pinta-se.
Enrosca-se no vestidinho branco.
Enfeita o vaso com retalhos de flores coloridas.
Na vitrola, o som de uma balada conhecida.
Acompanhada de doces se senta à janela na espera… À espera… Desespera.
A lua gorducha inflama-se de vergonha por ela.

No parapeito estreito do cortiço, a pequena formiga resmunga ao vento que a colônia cresceu demais, que as ruas mudaram para um tom de verde desconhecido, talvez concreto. Boas almas não gostam de concreto. Lá longe, absorvida pelas lembranças, suspira com orgulho por conseguir conquistar a amizade do gato, do rato, da coruja zolhuda.

Solta um riso abobalhado, pois lembra que não andou na fila nos últimos tempos. E numa reza quase inaudível, agradece aos pequenos grilos celestiais o formigueiro não ter sido destruído por nenhum ser egoísta.

E quando o sono desnudo, quase a carrega para outros mundos percebe as luzes…
– As luzes! Que alegria!

Celebrando a chegada de um novo ano!

Feliz 2014!
De saúde e coragem. Muita coragem!
Upaa!

*Particularidades, p. 77

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