O palco liberta
Noite de terça-feira, após o dia alvoroçado de trabalho, uma ligação: teatro hoje? Sim! Teatro hoje! Nada como ter um festival internacional de teatro acontecendo na cidade para aguçar ainda mais a sede por arte. A doce válvula de escape. No palco do pequeno Auditório Willy Sievert, do Teatro Carlos Gomes, via-se: meia dúzia de lâmpadas, algumas folhas de papel, e muito, muito talento.
Dois atores em perfeita harmonia deram um refinado espetáculo de interpretação. O Diário de Genet, com texto e direção de Djalma Thürler, produção do Ateliê Voador Companhia e Teatro (BA), é um mergulho no pensamento político do escritor, poeta e dramaturgo francês, Jean Genet (1910-1986). Com um início despretensioso e uma linguagem contemporaneamente afiada ‘cheio de amor, cheio de terra’, a peça gira em torno da história, dos desejos transgressores, da não escolha (infância), da marginalidade como identidade e das paixões de Genet.
A interpretação intimista faz do público confidente. A não linearidade dos textos, a poesia nos pequenos detalhes da iluminação e a entrega dos atores faz-nos pensar e cutucar com as unhas as crostas de hipocrisia que insistem em permanecer em nós… Nada como ter um festival internacional de teatro acontecendo na cidade.